Paula Valéria: literatura e sociedade do infantil ao adulto

7 de outubro de 2019


Unindo literatura e sociedade, a autora Paula Valéria Andrade lançou, recentemente, A Pandemia da Invisibilidade do Ser, convidando o leitor a repensar a cultura do homem enquanto sujeito ativo da sociedade.

Na obra, a autora muda a ótica de se falar do homem enquanto sujeito social. O que antes era feito como um relato embasado nos costumes do homem, se deu justamente pela invisibilidade de tais atributos: “Alguma coisa está fora da ordem mundial”, explica a Paula em entrevista à Rádio USP. “[escolhi] pandemia que é uma questão intercontinental onde a gente não percebe o outro: Quem é o outro? Quem é o imigrante? Quem é meu vizinho? O foragido? Quem é meu parceiro? Como nós estamos lidando com essas coisas? (…) Caetano [Veloso] escreveu que alguma coisa está fora da ordem mundial, e colocou essa minhoca na minha cabeça. Agora, ela cresceu e está virando uma jibóia”.

Literatura e sociedade também para crianças

Não é apenas para os adultos que a autora busca criar uma ponte entre literatura e sociedade. É por isso que Paula também optou por aproximar temas sociais também para os pequenos. E assim nasceu A Beija-flor e o Girassol, publicado pela Editora do Brasil.

“Eu já passei por situações em que eu não tinha controle”, comenta a autora em entrevista à BBC Web TV sobre A Beija-flor e o Girassol: “e eu quis passar isso para as crianças: o que que a gente faz com uma coisa que a gente não controla e tem que superar? A gente busca ajuda. Um se une com a força do outro”.

Na história, um beija-flor fêmea conhece um enorme girassol de jardim num momento em que ambos passam por dificuldades. Apenas juntos eles serão capazes de superar todas as adversidades. “Em momentos de crise sempre é mais fácil discordar e cada um virar para um lado. Mas, perceber o outro, notar as fraquezas que todos temos (…) é algo que precisa ser cada vez mais valorizado para a construção de uma sociedade mais equânime e mais digna nos ambientes coletivos e familiares”, acredita a autora Paula Valéria Andrade.

Cada um à sua maneira, A Beija-flor e o Girassol e Pandemia da invisibilidade do ser tratam justamente sobre reparar, olhar, prestar atenção ao redor. Nos convidam, crianças e adultos, a prestar atenção aos hábitos culturais propondo que as coisas que estão “fora da ordem mundial” finalmente retornem ao seus lugares. 

Próximos passos

“Tem muita coisa para os próximos anos”, revela Paula à Rádio USP. Atenta ao cenário moderno, a autora busca a linha tênue entre as artes: “estou buscando alargar mais as fronteiras [da arte], mesclar os territórios, que é uma coisa da contemporaneidade: não existem mais tantos territórios entre as áreas, mas existem técnicas de fazeres, fluxos e conceitos”, opina.

É a partir deste preceito que Paula está adaptando A Beija-flor e o Girassol para os teatros. Depois de ser contemplada com o ProAC (Programa de Ação Cultural), a autora decidiu unir esforços com Fabiana Monsalú para dar vida ao projeto: “Estou me aperfeiçoando, estudando para que eu possa desenvolver com profundidade um trabalho de dramaturgia da mesma forma que desenvolvi até hoje o de literatura”, conta.

Enquanto A Beija-flor e o Girassol não estreia nos palcos, Paula Valéria ainda revela que existem muitos outros projetos pela frente: “Tenho um livro de contos, um de poesia e outro infantil para sair. Então, tem muita coisa pela frente”, encerra.  

Fontes:

Rádio USP

BBC Web TV