O que é mito e o que é verdade sobre o Novo Coronavírus? Informações para repassar em sala de aula

18 de fevereiro de 2020


No dia 31 de dezembro de 2019, a cidade de Wuhan, na China, juntamente à Organização Mundial da Saúde (OMS), emitiu o primeiro alerta do Novo Coronavírus depois que autoridades da província tomaram conhecimento de uma misteriosa pneumonia. De lá para cá, o caso converteu-se em um surto de proporções consideráveis que ultrapassou as fronteiras do país e colocou a população mundial em alerta. 

O acúmulo de informações, por outro lado, acarreta num grande número de informações inverídicas que se propagam, principalmente, via internet. O alerta global, que traduz a gravidade do surto, combinado ao alto número de fake news das mais diversas abordagens (de métodos de cura até afirmações xenofóbicas) fazem com que o Novo Coronavírus seja um assunto atual de debate inadiável dentro das salas de aula. Mas, primeiro: por onde começar?

Um histórico verídico do Novo Coronavírus

O Novo Coronavírus não é acompanhado pelo adjetivo sem motivo. A primeira vez que o mundo acompanhou casos da doença foi ainda na década de 1960, segundo o Ministério da Saúde. Considerado controlado desde então, o vírus sofreu, ao longo dos anos, mutações ainda não totalmente compreendidas por estudiosos, o que resultou no Novo Coronavírus que conhecemos hoje – ou Codvid-19, como foi recentemente batizado.

O nome da doença se dá pelo formato do vírus, que lembra uma coroa. A mutação do Novo Coronavírus parte do mesmo causador das epidemias de SARS e MERS – que, entre 2002 e 2003, contaminaram mais de 5.300 pessoas na China. O surto atual, por outro lado, já ultrapassou essa marca: até o dia 14 de fevereiro, data da redação deste texto, a Comissão Nacional de Saúde da China contabilizou 63.581 infectados e 1.380 mortes devido ao Codvid-19  em toda a China.

O que se sabe efetivamente sobre a transmissão da doença é que o contágio de pessoas infectadas para não infectadas se dá pelo ar, como uma gripe comum. Já as razões do surgimento do Novo Coronavírus são controversas: pesquisas apontam que o que pode ter originado o surto tenha sido o contato com alguns animais silvestres vivos, como o morcego e a cobra, ou suas carnes – contudo, não existe consentimento científico para afirmar. 

Mitos e verdades

Ainda que ambientes com muitas pessoas sejam considerados como um fator de risco para a contração do Novo Coronavírus e que escolas da China tenham adiado o início do ano escolar, não há motivos para preocupação extrema na rede de ensino brasileira. Isso porque, até o dia 10 de fevereiro, o Ministério da Saúde descartou a confirmação de quaisquer supostos casos de Codvid-19 no país. 

Por outro lado, a rapidez com que correm as fake news preocupa tanto cientistas quanto autoridades. É papel do professor, portanto, esclarecer dúvidas e levar informações verídicas tanto para os pais quanto aos seus estudantes. Com base nos dados que circulam na internet nos últimos dias, a Editora do Brasil separou alguns mitos e verdades sobre o Novo Coronavírus – confira e compartilhe:

  • Encomendas e pacotes enviados da China podem infectar brasileiros?

MITO. O vírus não sobrevive por muito tempo em objetos. Assim, não é possível que se contraia a doença dessa maneira. 

  • Cães e gatos podem transmitir o Novo Coronavírus?

MITO. Até então, suspeita-se que o Codvid-19 tenha se instalado em humanos a partir do contato com alguns animais silvestres ou sua carne.

  • Máscaras podem ajudar na hora da prevenção?

VERDADE. Sim, mas não evita completamente. Apesar de ser uma proteção simples, se a máscara estiver cobrindo o nariz e a boca, pode evitar a contração pelo ar. É válido lembrar de trocar a máscara caso ela fique úmida.

  • Vacinas contra pneumonia  protegem contra o vírus em geral.

MITO. O Novo Coronavírus não possui cura comprovada cientificamente. Vacinas, sejam quais forem, não fazem o corpo produzir anticorpos para essa doença.

  • Pessoas com máscaras ainda podem contrair a doença.

VERDADE. Apesar das máscaras serem efetivas, existem outras formas de contração do Novo Coronavírus, como, por exemplo, encostar numa barra de apoio em ônibus ou metrôs que esteja contaminada e, na sequência, passar as mãos nos olhos.

  • Vitamina C protege do vírus.

MITO. A vitamina C pode até contribuir para o sistema imunológico, mas não há estudos que comprovem sua eficácia contra o Novo Coronavírus.

Abordagens para sala de aula

Crises de saúde pública, principalmente de grandes proporções, como a do Novo Coronavírus, podem e devem ser pautas de aulas nas escolas, promovendo a conscientização, a disseminação de informações verídicas e confiáveis, e estimulando o autocuidado do próprio estudante sobre sua saúde. Várias abordagens podem ser adotadas pelo docente. Listamos algumas sugestões para você aplicar no Ensino Médio ou se inspirar. 

Fact-checking

O fact-checking do tema trabalha os componentes curriculares Língua Portuguesa e Biologia, principalmente. Nesse tipo de proposta, o professor deve explicar o conceito de fake news e fact-checking para a turma, apresentando modelos das duas práticas. A partir daí, o docente pode levar à turma diversas notícias sobre o Novo Coronavírus, verdadeiras e inverídicas. Alguns exemplos de informações disseminadas na internet nos últimos meses que não correspondem à realidade são, por exemplo:

  • China cancelou todos os embarques de produtos por navio até março
  • Médicos tailandeses curam coronavírus em 48h
  • Chá de abacate com hortelã previne o coronavírus
  • Novo Coronavírus causa pneumonia de imediato

Caso você tenha dificuldade em encontrar fake news comprovadas, o Ministério da Saúde divulga diariamente uma lista de matérias inverídicas, a fim de esclarecer os fatos. Basta clicar aqui.

A partir daí, peça para que os estudantes leiam as notícias, debatam entre si, e estimule que busquem fontes que comprovem ou refutem os dados. Além de trazer conscientização sobre como prevenir o Novo Coronavírus, a atividade ainda atenta para os perigos das fake news e a importância do fact-checking.

Programas explicativos

Essa proposta pode ser elaborada após a atividade anterior. Uma vez munidos de informações consistentes e verídicas, os estudantes podem realizar programas, como podcasts ou vídeos para um canal no YouTube, para divulgarem esses dados, combatendo as fake news. No caso do podcast, o uso de gravadores de voz de celulares é suficiente. Já se o formato escolhido for o YouTube, é preciso que a escola forneça câmeras e microfones com qualidade razoável para um bom resultado.

Independente do formato escolhido, os professores devem incentivar a produção completa, da concepção ao roteiro. Sugerimos as seguintes etapas:

  • Tema – delimitar o que será falado
  • Depuração – organizar, dentre todas as informações coletadas, o que pode ser útil para o tema escolhido
  • Roteiro – elaborar um roteiro que defina a ordem em que as notícias serão apresentadas, qual será a linguagem e o texto narrado, além de definir se existirá ou não entrevistas, vinhetas, efeitos sonoros, etc.
  • Apresentação – definir quem são os apresentadores ou locutores, jornalistas e entrevistadores
  • Gravação – definir quem será responsável pelas etapas práticas de gravação e edição dos programas.

Ao fim, com o produto final pronto, é possível divulgar o programa com a comunidade escolar, contribuindo para a disseminação de informações de qualidade.

Combate ao sensacionalismo e ao “caça-cliques

Mais do que conteúdos falsos, outra característica das fake news é o sensacionalismo, identificável principalmente no título ou chamada da matéria. Os exemplos abaixo são alguns dos mais vistos na internet nos últimos meses:

  • Bariátrica em cápsula seca a gordura, tira o inchaço e vira febre em São Paulo.
  • Dores nas articulações? Faça isso 2x ao dia e acabe com elas.
  • Situação fora de controle: Novo Coronavírus.

A função dessas chamadas sensacionalistas é conquistar cliques, uma vez que seus conteúdos são patrocinados – ou seja, compra-se espaços em grandes sites para a alocação de matérias caça-cliques. O lucro vem, justamente, da visualização dessas matérias. Acontece que, normalmente, tais conteúdos são construídos de maneiras totalmente arbitrárias, sem preocupação com a fonte dos dados expostos.

Assim, solicitar que os estudantes façam, como atividade extraclasse, uma busca de links caça-clique é indiscutivelmente importante para a criação do senso crítico da turma, colaborando para uma sociedade mais bem informada e com o compromisso pela verdade.

É válido relembrar que as informações sobre o Novo Coronavírus possuem atualizações diárias, devido o avanço nas pesquisas e sua repercussão ao redor do mundo. Assim, é importante que você, enquanto professor, se mantenha sempre atualizado com fontes confiáveis a fim de propagar informações verídicas e de interesse público para seus alunos, atingindo toda a comunidade escolar.

Fontes:

https://educacao.estadao.com.br/blogs/estadao-na-escola/2020/02/13/novo-coronavirus-como-escolas-podem-usar-o-tema-para-discutir-fake-news/

https://g1.globo.com/bemestar/blog/ana-escobar/post/2020/02/10/coronavirus-mitos-e-verdades.ghtml

https://www.saude.gov.br/fakenews/coronavirus

http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2020-02/coronavirus-china-registra-1380-mortos-e-63581-infectados