Conheça o projeto da USP que leva experimentos de Ciências para dentro da sala de aula

15 de janeiro de 2020


As aulas de Ciências, para o Ensino Fundamental, e seus desdobramentos em Física, Química e Biologia para o Ensino Médio, representam um certo receio da parte dos alunos. Muitas vezes, fórmulas, contas ou nomes difíceis afastam ou assustam os estudantes antes mesmo que eles possam descobrir, por meio dos experimentos de Ciências, as infinitas possibilidades dessa área do conhecimento.

E é exatamente a aplicação de experimentos de Ciências em sala de aula que o professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP), Mikiya Muramatsu, defende. Para ele, uma boa aula de Ciências, independente do ano letivo, deve estimular a curiosidade do estudante. Essa mudança de dinâmica, segundo Muramatsu, incentiva o protagonismo do aluno, fazendo a “formação do professor mudar de foco: ele não é mais a única fonte de conhecimento, mas passa a gerenciar e estimular os alunos”, comenta, em entrevista ao Jornal USP.

O Projeto Arte e Ciência

Foi pensando no protagonismo do estudante por meio de atividades práticas que Muramatsu se colocou à frente do projeto Arte e Ciência, desenvolvido pelo IF-USP a partir de um edital de popularização da ciência do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). 

Ativo desde 2007, o projeto inicialmente trazia experimentos de Ciências para a população em parques e outros espaços públicos, com exposições, oficinas e feiras. “Não podia ser dentro da Academia, tinha que ser em um espaço aberto para o público”, relembra o professor. 

O projeto cresceu e, com o tempo, diversos professores e gestores que conheceram a ação nos parques entraram em contato com o IF, solicitando que as atividades fossem apresentadas também nas escolas.

Levando os experimentos de Ciências a sério

Ainda que os princípios abordados nas inúmeras atividades do projeto, como o da Física, por exemplo, sejam majoritariamente voltados para o Ensino Médio, o professor faz questão de utilizar temas para diversas turmas, incluindo para  alunos do Ensino Fundamental. “Pensávamos que, dentro dos espaços escolares, deveríamos trabalhar com o Ensino Médio, porque é o tema que os alunos estudam, pela grade curricular” – ainda assim, ao longo dos 12 anos de Arte e Ciência, ficou evidente que, quanto mais cedo o aluno é encantado com o mundo das Ciências, maior sua receptividade para as disciplinas correspondentes quando atinge o nível Médio.

Mais do que apenas levar experimentos de Ciências para as instituições de ensino, Muramatsu relembra que eles os mesmos devem ser contextualizados, levados a sério, para que não seja apenas um dia de diversão na escola. “Nós sempre vamos à escola (…), conversamos com os professores e expomos os objetivos do projeto, no sentido de envolvê-los no processo, para que não seja apenas uma visita pontual”, comenta o professor. Assim, é esperado que os alunos já possuam um conhecimento prévio do que será abordado nas atividades, para que as mesmas funcionem na prática, complementando conteúdos teóricos e adicionando a magia da experimentação ao vivo.

Exemplos de aplicação na prática

Hoje, o projeto Arte e Ciência conta com mais de 60 experimentos de Biologia, Física, Química e Matemática, e visita inúmeras escolas por semestre. “Elas [as escolas] solicitam exposições e algumas atividades (…)”, comenta Muramatsu. “Nós temos oficinas para construir pequenos instrumentos, como caleidoscópios e lunetas. Por trás de cada um, há princípios da Física funcionando”, explica. 

Assim, os alunos têm acesso a oportunidades raras como a possibilidade de “ver o som” através das ondas de água formadas dentro de uma taça por meio do atrito do dedo na borda do cristal. Os estudantes que passam por essa experiência também podem visualizar a fragmentação da luz em seus espectros por meio de utensílios, como o prisma, construídos por eles próprios.

Além de maravilhar, a aplicação de experimentos de Ciências em sala de aula também busca conscientizar. Por meio da projeção de lasers, os alunos conseguem ampliar em até mil vezes duas gotas de água: uma “limpa” e outra que foi tocada por alguns estudantes, o que comprova a importância da higiene das mãos, principalmente antes da alimentação.

Faça você mesmo

Você mesmo pode organizar diversas atividades práticas com seus alunos – nós já publicamos um artigo com várias dicas e o passo a passo necessário. Para a acessar, clique aqui. Se você quer conhecer mais sobre o projeto Arte e Ciência, é só acessar este link.

A aplicação de experimentos de Ciências em sala de aula, então, não se trata de apenas fazer o aluno gostar da disciplina ao alcançar o Ensino Médio, mas sim incentivar o gosto da turma pelo desconhecido, pela pesquisa e experimentação, lapidando, assim, uma nova geração com sede de conhecimento e ansiosa por criar um futuro melhor para todos. 

Fontes:

https://jornal.usp.br/universidade/acoes-para-comunidade/experimentos-de-fisica-e-matematica-buscam-despertar-o-interesse-pela-ciencia/

https://jornal.usp.br/universidade/acoes-para-comunidade/projeto-arte-e-ciencia-coloca-autonomia-do-aluno-em-foco/