Como usar o War ® e outros jogos de tabuleiro na aula de Geografia

14 de novembro de 2019


As aulas de Geografia possuem uma infinidade de abordagens que podem ser trabalhadas ao longo de todos os anos do Ensino Fundamental e Médio. Isso graças à amplitude de tal área do conhecimento: do sistema solar à geologia da Terra, de política à cidadania, de biomas à cartografia…

Com um campo de estudo tão abrangente, as aulas de Geografia se tornam ambientes favoráveis a uma metodologia extremamente fértil. Assim, é possível diversificar na hora de fixar conteúdos com os alunos, fugindo do tradicionalismo da lousa e da cópia. Dessa forma, é possível aproximar os conteúdos teóricos da realidade do aluno de maneira lúdica e divertida, fazendo-os sair do papel da escuta passiva, podendo modelar o conhecimento de diversas formas.

Os jogos de tabuleiro

Não é de se admirar que diversos conceitos da Geografia alcancem a cultura popular, dada a amplitude de sua área de estudo. E o maior exemplo disso, talvez, seja o jogo de tabuleiro.

Desde os primeiros jogos deste gênero até os mais conhecidos nos dias de hoje, é muito comum encontrarmos representações de territórios e outros mapas em jogos de mesa. Até mesmo o xadrez apresenta conceitos geográficos: ainda que não exista um país do mundo real na sua base quadriculada, o objetivo do jogo é dominar um exército estrangeiro, nos remetendo à ideia de territorialidade. 

Atualmente, por outro lado, temos uma visão muito mais explícita quando o assunto é Geografia nesse tipo de jogo. O clássico War ®, por exemplo, tem como tabuleiro nada menos do que o Mapa Múndi. Com diversos objetivos, o jogo leva o participante a guerrear com nações vizinhas em busca de aumento territorial, sendo um prato cheio para qualquer aula de Geografia, principalmente quando o assunto é cartografia (ainda que não se deva levar o mapa do tabuleiro ao pé da letra por ser um jogo, lúdico, e não um mapa real e preciso) e consequências de grandes guerras.

Adaptando o War ® e outros jogos para as aulas de Geografia 

Mas nem só de guerras vivem os jogos de Geografia. Ainda que seja um ótimo instrumento para as aulas, as regras complexas e o plano de fundo bélico talvez não façam do War ® clássico uma opção para todas as idades. Isso não significa, entretanto, que você não pode adaptar o jogo e deixar a imaginação voar solta.

Para te inspirar, nós separamos algumas variações de jogos para serem aplicados nas aulas de Geografia que, assim como o War ®, podem tornar o momento mais lúdico e divertido para o aluno. Confira:

1. Perguntas e respostas

Um versão “mais leve” do jogo, mas não menos territorialista. O War ® tradicional consiste num objetivo secreto que cada participante recebe. Toda a partida gira em torno de cada exército (jogador) tentando alcançar essa empreitada na base da guerra. É justamente esse ponto que você pode adaptar. 

Para tanto, o professor pode organizar diversas perguntas sobre os diversos temas trabalhados em sala de aula e criar diversas fichas. Cada rodada do “War ® Perguntas e Respostas” começaria, então, com um participante respondendo três questionamentos. Para cada resposta certa, invade um território. Já os erros acarretam na perda de um país. 

O avanço pelos territórios varia, portanto, de acordo com as cartas de objetivo originais do jogo, que não precisam ser trocadas. Vence aquele que alcançar seu objetivo primeiro.

2. Conhecendo o Mundo

Se você quer uma versão ainda mais leve de War ®, uma boa opção é desenvolver uma aventura de conhecimento pelo mundo, deixando de lado as conquistas territoriais. Para desenvolver esse jogo de Geografia, você precisa criar:

  • Fichas dos países presentes no tabuleiro original
  • Fichas com perguntas sobre cada país (quanto maior o número de jogadores, maior o de perguntas)
  • Fichas com roteiros de viagens
  • Fichas com “perguntas finais” para cada país (dificuldade maior.

Tudo elaborado, o participantes recebem um roteiro de viagem. Nele, devem conter os países que eles precisarão conhecer. Com um dado para contar as casas, os jogadores realizam os roteiros e, sempre que chegam a um novo país, devem responder uma pergunta sobre ele. Caso acertem, podem seguir viagem. Caso contrário, permanecem no mesmo território até acertarem a resposta.

O primeiro a voltar para o país de origem e acertar a pergunta final sobre o mesmo, ganha o jogo.

3. Epidemias

Essa adaptação pode ser usada tanto para aulas de Geografia política quanto de biologia e ciências, por usar políticas de saúde pública como plano de fundo. É recomendado, também, para turmas de Ensino Médio. 

Utilizando as peças do War ® original, bem como o tabuleiro, escolhe-se um país que esteja contaminado por um vírus ou uma bactéria. Todos os outros países devem estar “povoados” com as peças de cores diferentes, representando os habitantes. O objetivo do jogador que representa a epidemia é contaminar todo o mundo. Já o adversário deve elaborar políticas que contenham o avanço da doença.

Por exemplo: Na rodada da epidemia, joga-se os dados para que a mesma invada mais territórios. Na rodada contrária, o jogador elabora “contra-ataques” de acordo com o número de habitantes restantes no país. Cada ação requer um tipo de realocação de peças, o que faz o aluno proteger ou desproteger algumas nações, fazer parcerias entre países e controlar a epidemia. 

Vence, naturalmente, quem “dominar” o mundo primeiro: a saúde ou a epidemia.

Uma outra opção para trabalhar a questão territorial ao lado de epidemias sem que seja necessário adaptar o War ®, é o jogo de tabuleiro Pandemic. Se você não o conhece, pode saber tudo sobre a sua aplicabilidade em sala de aula no nosso Podcast. É só clicar aqui.

Aplicando no dia a dia

As possibilidades de adaptação do War ®, bem como de outros jogos, são infinitas. A variação para o modelo de “viagem pelo mundo”, por exemplo, pode ser recriada somente com mapa do Brasil, substituindo países por estados. 

É necessário ressaltar, também, que é importante o método e o contexto em que o jogo será aplicado. Além de divertir o aluno, ele aprenderá e fixará algum conteúdo. Dessa forma, vale a pena debater sobre o tema do jogo antes e após sua aplicação, solicitando atividades complementares de acordo com a idade dos alunos – isso é bom para o jovem, que terá noção daquilo que aprendeu brincando, e para você, que terá um feedback rico e valioso sobre o andamento da turma.

Fonte:

http://www.inf.ufrgs.br/lobogames/?p=1006

https://periodicos.ufsm.br/geografia/article/download/22138/pdf