Como usar o livro didático na medida certa?

7 de agosto de 2019


O segundo semestre escolar acabou de começar e os planejamentos para a finalização do ano estão a mil. É hora de identificar os pontos que apresentaram dificuldades até a metade do ano e traçar planos para completar as lacunas e avançar com os conteúdos. Momentos como esse evidenciam a importância de se aproveitar ao máximo todo o material disponível, sendo o livro didático um dos principais. Portanto, nada mais oportuno do que levantar agora uma antiga questão: como usar o livro didático na medida certa? 

Já estão no imaginário popular, nas séries e nos filmes, bordões como “abram o livro na página x” ou “resolvam os exercícios da página y”. Não é difícil concluir, então, que o material didático já está ligado à rotina escolar, de modo que seu uso é feito muitas vezes de maneira quase mecânica ou pouco criteriosa, sem que seu conteúdo seja usado de maneira proveitosa.

É normal que seja debatida a questão do limite do livro didático em sala de aula – até que ponto ele representa um guia, uma bússola para o professor, e o quanto pode engessar as aulas? Um bom posicionamento para encarar esse dilema é, talvez, enxergar a obra didática do ponto de vista mais neutro possível.

 

O livro didático não “forma” professores

Muitos professores encaram a obra didática como uma espécie de “coordenador pedagógico em forma de livro”. Sentem, através dos manuais do professor, certo grau de “formação”, uma prescrição de “como dar aula”. É importante dizer, entretanto, que essa não é a função dos livros didáticos.

A obra didática irá auxiliar, guiar e dar opiniões de como os conteúdos poderiam ser trabalhados em sala de aula. Não deve haver, por trás dessas sugestões, a intenção de engessar a aula e “ensinar o padre a rezar a missa”. O docente deve ser livre para considerar a melhor maneira de abordar determinado assunto de acordo com o perfil de sua turma – que pode ser diferente da forma sugerida no material.

 

Padrão de qualidade

A maior fonte de livros didáticos na rede pública é o PNLD (Programa Nacional do Livro e do Material Didático) e, antes mesmo dos professores escolherem os títulos, o MEC (Ministério da Educação) realiza uma triagem que assegura a qualidade do conteúdo de cada material cadastrado. Assim, todos os livros que chegam à etapa de escolha já estão altamente qualificados de acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Obras que fujam dos padrões estabelecidos pela Base são descartadas. 

 

Livro Didático: apoio ou guia prescritivo?

Obra escolhida e recebida pela escola, é hora de colocar a mão na massa. O bom uso do livro didático só acontece com ótimos planos de aula e planejamentos escolares eficazes. E é justamente nessa etapa que muitos professores encontram dificuldade em dosar o material: o quanto usar? O que devo seguir? Devo seguir exatamente as mesmas sequências?

As respostas para essas questões surgem naturalmente durante o planejamento escolar. Quando se decide o que será abordado ao longo do ano, a obra entra em ação, servindo de apoio para alcançar os objetivos previamente definidos. O livro didático não deve ser usado como o fim, mas como o meio;  ele é um dos inúmeros caminhos que podem ser seguidos. 

 

Respeite a diversidade e a particularidade da turma

Apesar do material didático oferecer um recurso completo que auxilia o aprendizado do aluno, ele dificilmente se adequará a todos os objetivos da escola. Isso porque ele é criado sob condições específicas, e o aluno idealizado pelo autor na hora da composição da obra não é, obviamente, o mesmo tipo de aluno de toda a rede pública do país. 

Dessa forma, o professor pode e deve escolher qual a ordem que as sequências e unidades temáticas serão usadas, quais os recursos extras auxiliarão na aula, quais conteúdos devem ser abordados com mais profundidade e quais podem ser pulados. Isso varia de acordo com os objetivos da escola, com os planos de aulas de cada profissional e com a particularidade de cada turma.

 

O aprendizado do aluno como objetivo último

Em síntese, tanto o planejamento escolar, o plano de aula e o livro didático convergem para o mesmo objetivo final: o aprendizado do aluno. Quando lembramos que o material didático é um apoio, e não um formador de professores ou um manual de como dar aulas, fica mais fácil a sua utilização focada para a boa formação do estudante.

O livro se torna, então, o melhor guia para o professor. A dosagem desse material é sentida, caso a caso, pelo profissional – que deve sempre ser livre para sugerir atividades e recursos extras que, em parceria com livros didáticos de qualidade, podem enriquecer ainda mais o aprendizado da turma. 

 

FONTES:

https://novaescola.org.br/conteudo/1731/livro-didatico-como-usa-lo-com-equilibrio