Como escolher os livros literários para os alunos do Ensino Fundamental – Anos Finais?

14 de agosto de 2019


Com o segundo semestre a todo o vapor, é hora de ficar ligado nas novidades de obras infantojuvenis e fazer as melhores escolhas na hora de selecionar os livros literários para serem trabalhados nos próximos semestres. Mas, se você não teve tempo de acompanhar os lançamentos ou organizar suas leituras, nós te damos uma mãozinha.

 

O que considerar na hora de escolher os livros literários?

Quando pensamos em literatura, é comum usarmos nossos gostos como filtro. E, normalmente, quando gostamos de algum autor, acabamos querendo  apresentá-lo para todos ao nosso redor, até mesmo nossos alunos. Entretanto, por mais que essa seja uma sensação agradável, é preciso sempre considerar a diversidade dos adolescentes, e variar ao máximo entre obras clássicas e contemporâneas, cuidando para que o aluno tenha acesso a diversos gêneros textuais – a crônica, o romance, o conto, etc.

Os livros literários que o professor aplica em sala de aula devem apresentar diversidade de ideias, promovendo a reflexão e a crítica social através de debates e discussões. Não é só a partir dos clássicos que se torna possível aplicar essa abordagem. Diversos livros contemporâneos apresentam vários conteúdos passíveis de debates e discussões. Até mesmo best sellers infantojuvenis podem ser abordados em sala de aula, considerando sempre a proposta da leitura e, naturalmente, a quantidade de páginas. Mas a questão é: como dosar essas duas vertentes? O quanto de clássico e o quanto de moderno se deve apresentar para o aluno do Ensino Fundamental 2?

 

Tempo versus conteúdo

Para permitir a divisão entre clássico e contemporâneo, é preciso que o professor tenha pleno conhecimento e domínio do espaço que a literatura ocupa no planejamento escolar.

É comum encontrarmos docentes que, na falta de tempo para diversificar os conteúdos literários, optam por trabalhar apenas com clássicos renomados. Isso, de certa forma, será visto com maus olhos pelos alunos: ao se impor uma literatura de linguagem distante e complexa, tal leitura será vista como uma obrigação, afastando-o ainda mais da literatura.

Em situações onde o tempo é insuficiente, cabe um possível diálogo com outros professores da área e com a própria gestão da escola. É preciso sempre que um tempo mínimo seja dedicado à prática da leitura em sala de aula de maneira a diversificar o conteúdo para o aluno, colocando-o em contato com pelo menos duas vertentes literárias, a clássica e a contemporânea.

 

Dicas de como acertar nos livros literários

O Ensino Fundamental 2 é uma etapa abrangente. Do sexto ao nono ano, os alunos normalmente têm  entre 11 e 15 anos. Nessa faixa etária, o jovem já tem seu gosto e opinião formados. Então, o desafio na hora de escolher os livros literários é justamente o de conhecer e se aproximar do que o jovem consome. Não adianta forçar uma obra apenas por considerar interessante. O aluno pode, e deve, ser provocado, instigado a ter contato com temas que não são do seu cotidiano, mas a abordagem deve ser sempre sutil, partindo de dentro para fora – isto é, do que ele está habituado – e aí entram os clássicos.

Outro desafio a ser vencido para cativar seus alunos pela leitura é fazer uma pesquisa do que está em alta na literatura infantojuvenil. Todo o cuidado é pouco nessa atividade que, à primeira vista, parece simples. Entretanto, há uma linha tênue entre o que é infantil demais e já não agrada aos alunos dos anos finais do Ensino Fundamental, e o que é adulto demais para os mesmos.

Um bom fio condutor para essa pesquisa é a busca por obras que tenham protagonistas jovens. Dificilmente os adolescentes se prendem por protagonistas crianças e, a depender do enredo de uma história estrelada por adultos, pode causar certo estranhamento ou desagrado pelo ritmo da narrativa.

Dificilmente o infantojuvenil vai deixar de fora temas relacionados à representatividade, independente de sua abordagem – racial, sexual, de nacionalidade, entre outros. A adolescência é uma etapa de conflitos e descobertas, então, partir desse ponto de vista pode ser a chave para chamar a atenção do jovem. 

 

Como trabalhar?

Trabalhar com literatura em sala de aula, sobretudo com turmas do Ensino Fundamental 2, requer mais do que exigir a leitura e uma avaliação para testar os conhecimentos adquiridos com a prática. Na verdade, nenhum conhecimento se dá somente com o ato de ler, sendo a discussão e o debate chaves essenciais para aprimorar o pensamento crítico e a formação cidadã do aluno. 

Pensando nesses desafios, separamos algumas dicas de como abordar e incentivar a leitura em sala de aula, tanto dos clássicos quanto dos contemporâneos.

 

1. Faça círculos de leitura

Traga a leitura para dentro da sala de aula. Não é seu objetivo fazer com que o aluno caia na tentação de usar resumos da internet ou que drible a leitura sugerida. Mais do que certificar que todos vão ter contato com a obra, são nos círculos de leitura que nascem os debates e que o aluno aprende de fato. No caso das leituras clássicas, nas quais o vocabulário costuma ser mais rebuscado e distante da fala, a prática também possibilita a troca de conhecimentos e enriquecimento do léxico sempre que alguém se deparar com um termo desconhecido.

 

2. Aprofunde as camadas

Outra forma de encarar os livros literários com seus alunos é fazer uma análise também voltada para o próprio texto, ajudando a iluminar seus detalhes. Dessa forma, durante a leitura compartilhada, o professor pode atentar os alunos para a estrutura com a qual a narrativa se faz, a profundidade e complexidade dos personagens e outros exercícios de metalinguagem em relação ao livro que podem enriquecer a percepção da turma. 

 

3. Atente para as diversas interpretações

Aqui, temos um complemento do item anterior. Estudar o personagem leva ao debate, e o debate leva ao pensamento crítico, que será replicado pelo aluno na sociedade. Com isso, o professor pode chamar a atenção da turma para as várias interpretações que a história pode ter, a depender de quem a lê, trazendo ao aluno a competência da empatia, de encarar sua opinião não como única e verdadeira, mas como uma possibilidade de interpretação num mar de infinitas possibilidades. Esse exercício pode ser feito desde os contemporâneos que apresentam dilemas e conflitos adolescentes, até grandes clássicos, como o memorável Dom Casmurro e o debate atemporal: Capitu traiu ou não Bentinho?

 

4. Apresente diversas versões

O professor não deve tornar a leitura um ato “desgostoso”. Muito pelo contrário, deve estimular a prática, ainda que esta apresente desafios. Para enriquecer os círculos de leitura, o docente pode apresentar diversas versões da mesma obra: cenas de filmes, de séries, versões simplificadas e até mesmo HQs. Comparar trechos específicos entre a obra original e a adaptada torna a experiência do aluno mais dinâmica e compreensível. Essa dica é mais viável para os clássicos, embora alguns best sellers contemporâneos também apresentem mais de uma versão. 

 

5. Saia da caixinha

Contextualizar a obra, apenas apresentando os dados biográficos do autor, não é o suficiente. O professor pode sair da caixinha e deixar a imaginação fluir solta na hora da leitura em sala de aula. Nesse momento, tudo é válido: fazer círculos de leitura em outros lugares, como no jardim da escola ou no pátio, decorar a sala de aula com o tema do livro escolhido, realizar atividades dinâmicas que coloquem os alunos para debater e diversas outras táticas que fazem da leitura mais do que uma obrigação: um prazer

 

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