Como aplicar o Design Thinking na escola

11 de novembro de 2019


Na última década, diversas metodologias de ensino foram desenvolvidas de acordo com o aluno dos dias de hoje da escola regular, principalmente quando pensamos no ensino fundamental. Talvez a mais comentada nos últimos meses seja o Design Thinking, uma estratégia que protagoniza o estudante como principal agente do aprendizado.

Para os mais conservadores, talvez, essa proposta pode soar um pouco absurda. Afinal, como confiar ao próprio aluno o papel de protagonista no processo de ensino-aprendizagem? Para responder essa pergunta, é preciso considerar a educação no século XXI, cenário em que o Design Thinking se configura como uma das estratégias mais pertinentes. 

Design thinking: invertendo os papéis

Quando pensamos numa aula tradicional, em que o professor expõe a matéria e o aluno a absorve, temos uma comunicação direta entre dois agentes: o ativo, no papel do professor, que fornece informações, e o passivo, representado pelos alunos, que recebem todo o conteúdo. A partir desta relação, espera-se que o estudante assimile o que é apresentado pelo docente.

No Design Thinking, tal lógica é invertida. Mais do que fazer uso de recursos audiovisuais, que facilitam a assimilação de conteúdos, o próprio caminho da metodologia de ensino faz com que os alunos sejam estimulados a encontrarem problemáticas que serão por eles mesmos solucionadas por meio de protótipos. Dessa forma, os  próprios estudantes “determinam”, dentro de uma linha de pesquisa, qual abordagem será trabalhada de acordo com as temáticas que mais os agradam – e, considerando a existência de inúmeras tecnologias que ocupam nosso tempo e nos distraem de nossas obrigações, o que seria melhor do que sentir prazer em estudar?

Qual o passo a passo?

Ainda que o aluno seja o agente principal no seu processo de ensino-aprendizagem, isso não significará que toda a aula será ditada pela turma. Cabe ao professor, então, guiar o aluno pelo caminho da pesquisa, ensinando e supervisionando as diversas etapas que devem ser seguidas para que o processo de Design Thinking seja um sucesso.

Confira abaixo todo o passo a passo e tire de letra os processos dessa metodologia que pretende oferecer uma nova ótica para sua sala de aula.

1. A descoberta

O que será trabalhado em sala de aula. É na etapa da descoberta que isso deverá ser delimitado. É recomendável que o professor, em parceria com os alunos, encontre problemas e questões que sejam próximos às vidas dos estudantes. O acúmulo de lixo nas ruas do bairro em que a escola está inserida, por exemplo, pode se tornar um projeto de ciências que impacta diretamente no dia a dia de todos – e assim por diante.

2. Interpretando a descoberta

Delimitado o tema (ou os temas, caso a intenção seja trabalhar em grupos isolados), é necessário interpretar o assunto a ser abordado. É aqui que virão diversos insights – o que é diferente de ideias de solução. É uma etapa mais ampla, na qual os alunos e professores debatem sobre diversas questões que dialogam com o que será pesquisado. Ainda usando o acúmulo de lixo em vias públicas como exemplo, poderíamos levantar questões como: por quê o problema ocorre, quem são os principais agentes do problema, quem são os mais afetados negativamente e quais são as consequências, o que pode ser feito para melhorar, como manter essas ações e diversos outros pontos de interesse. Também é válido que o relato seja documentado, não apenas com a finalidade de avaliação, mas também como forma de registro para as futuras etapas do Design Thinking.

3. Geração de ideias

Tema delimitado e insights registrados, é hora de ser criativo e se debruçar efetivamente sobre a resolução do problema identificado. Aqui, o aluno deve se sentir livre, sem intimidações ou medos, à vontade para expressar suas opiniões e ideias. Normalmente, uma ação que nasce da metodologia Design Thinking normalmente é fruto da interseção de diversos fluxos de pensamentos que convergem para um solução completa. 

4. Experimentação

Na penúltima etapa, coloca-se a mão na massa. É aqui que, em parceria com a supervisão do professor, os alunos irão transformar todas as ideias em realidade. Esse processo é complexo e pode apresentar dificuldades para os jovens, a depender do projeto desenvolvido. É aí que entra o processo de aprendizagem: a turma precisa alinhar o conteúdo didático apresentado pelo docente com os objetivos do projeto. É nesta etapa, também, que o monitoramento deve ser mais intenso, com o professor notando se os alunos estão de acordo com as etapas previstas de uma pesquisa científica. 

5. Desenvolvimento e evolução

Paralelamente à experimentação, os alunos já devem começar a pensar na evolução do projeto. Por isso, compreendemos, principalmente, os próximos passos após o trabalho. Por exemplo: se a turma realiza uma ação positiva sobre o acúmulo de lixo em vias públicas, como deixar o projeto “morrer” após sua finalização, possibilitando o retorno do problema inicial? Aqui, então, professor e estudantes desenvolvem ideias de como organizar exemplos, histórias inspiradoras e diversos outros dados, como os resultados obtidos no projeto, que irão viabilizar a continuidade do mesmo.

É importante ressaltar que o Design Thinking não tem como objetivo desarticular o modelo das aulas expositivas, mas sim preparar o aluno para ser parte de uma sociedade mais ativa e engajada na solução de problemas, sempre em parceria com o conhecimento recebido pelos professores.

E você, já está pronto(a) para adotar o Design Thinking na sua sala de aula?

Fonte:

https://superaparaescolas.com.br/design-thinking-o-que-e-e-qual-a-importancia-no-ensino/

https://novaescola.org.br/conteudo/12457/design-thinking-o-que-e-e-como-usar-em-sala-de-aula

https://educador360.com/gestao/design-thinking-na-educacao/