Atividades para Ensino Médio: prepare sua turma para a redação do ENEM

26 de março de 2020


As atividades para Ensino Médio quase sempre têm um objetivo em comum: preparar o estudante para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Principalmente no último dos três anos que compreendem o ciclo, são treinadas as capacidades linguísticas e matemáticas do jovem, a fim de obter sucesso na hora da prova. Tão importante quanto dominar as múltiplas escolhas, entretanto, é ter uma boa redação. Mas, como treinar para algo tão particular quanto a escrita?

O diferencial da redação do ENEM

Por vezes, a redação do ENEM pode até ser subestimada. Isso é um erro. Segundo Jade Nobre, professora do Colégio Seriös, em Brasília, em entrevista à Agência Brasil, “A redação é super importante, ela é o diferencial, vai definir se [o candidato] estará dentro de uma universidade, ou não. É uma coisa que o participante tem que estar bem atento, principalmente se quiser ingressar em um curso de alta demanda, como Medicina ou Direito”.

Assim, apesar de ter pesos diferentes dependendo do curso que o estudante escolherá, a redação pode ser o elemento que classifica ou não um candidato – por vezes, é por meio dela que se desempata a pontuação na lista de classificação.

Atividades para Ensino Médio: redação nota 1000

É inegável afirmar que dedicar tempo de estudo para redações é essencial. É um desafio, entretanto, colocar o conceito de redação numa caixa a ser decorado pelo estudante. Ao aprender conceitos acadêmicos, o jovem tem uma base para compreender e, posteriormente, aplicar e reproduzi-los em diversas outras situações – é o que acontece com fórmulas matemáticas, por exemplo. 

Escrever, por outro lado, é mais complicado. Ao passo que exista certa possibilidade de elencar os atributos necessários para uma boa redação do ENEM, a escrita e a organização de pensamentos é um processo intrínseco, único. Por isso, é necessário desenvolver atividades para Ensino Médio que estimulem o pensamento crítico da turma desde muito antes do fim do ano. E a Editora do Brasil te dá algumas dicas para isso. Confira.

Reforçe os gêneros textuais

A primeira etapa é reforçar com os estudantes o gênero textual que o ENEM exige – o dissertativo-argumentativo. Simplesmente explicar no que consiste este tipo de texto pode não ser tão efetivo, e uma maneira que pode facilitar o processo é realizar comparações.

É possível, por exemplo, atentar a turma para diferença sutil apresentando dois textos, um dissertativo-argumentativo e outro dissertativo-expositivo. Incentive a leitura e estimule, oralmente, que a sala elenque diferenças entre os dois gêneros. Quanto mais exemplos você conseguir fornecer, mais bagagem o jovem terá para compreender qual caminho deve seguir na hora de elaborar sua redação.

Escreva, escreva, escreva

O dito popular que afirma que só escreve bem quem lê muito é verdadeiro, mas pode ser completado para “só escreve bem quem lê e escreve muito”. Escrita é prática; envolve diversas capacidades que só são adquiridas com a rotina e a repetição. 

Isso não significa que exista uma fórmula, mas sim que a repetição fornece a fixação de elementos essenciais. O léxico, por exemplo, é enriquecido a cada novo texto lido e a cada redação feita. Quanto mais se pratica, maior o arcabouço mental de palavras do jovem. Diversas regras de gramática também são internalizadas no hábito da leitura, até mais efetivamente do que apenas tentando decorá-las.

Assim, se for possível, dedique pelo menos uma aula por semana para o exercício da redação. As possibilidades são infinitas: sugira temas, ouça sugestões dos jovens, use casos da comunidade ou internacionais, entre outros.

Após a escrita, algumas ações são interessantes:

Troque redações

Além de debates em sala de aula, um bom exercício de amadurecimento crítico é ouvir a opinião do outro. Pedir que as redações sejam trocadas e “corrigidas” pelos próprios colegas de classe é um exercício muito rico que fornece não só uma opinião diferente àquela que o estudante optou por expor, mas também colabora com a manutenção dos aspectos técnicos da redação – estrutura de parágrafos, coerência, coesão, entre outros – isso porque às vezes é mais fácil encontrar pontos a serem melhorados no outro para, só depois, localizá-los nas nossas próprias escritas.

Essa ação estimula a aprendizagem colaborativa e a cooperação entre os jovens, criando o pensamento coletivo de que “todos podem errar, e está tudo bem, pois todos vão se ajudar a melhorar”.

Sugira reescritas

Reler textos antigos é outra atividade que estimula a prática de organização de ideias. Assim, é altamente recomendável que, ao longo dos meses, seja repetido alguns temas de redação propositalmente para que, posteriormente, os estudantes possam reler duas ou três redações escritas por eles mesmos em momentos diferentes. Assim, analisa-se os pontos de melhora e se pontua aspectos que ainda devem ser aprimorados.

Outra abordagem é, de modo claro, sugerir a reescrita: usando uma redação já escrita como base, pode-se solicitar que eles a escrevam novamente, com os mesmos argumentos, ou pontos de vistas similares, mudando obrigatoriamente a construção dos parágrafos e ideias. A finalidade é fazer a turma buscar por termos e estruturas sinônimas, a fim de melhorar a construção e dissertação dos textos.

Analise por partes

Principalmente nas primeiras redações solicitadas, até que a turma “pegue o jeito”, é importante lembrar da estrutura primordial de uma dissertação argumentativa:

  • Parágrafo 1 – Exposição do tema e problema.
  • Parágrafos 2 a 4, em média – Desenvolvimento (argumentos 1 e 2).
  • Parágrafo 5 – Conclusão, retomando o tema e sugerindo uma proposta de intervenção (solução).

A partir disso, é possível realizar a “correção” por partes: leia, num primeiro momento, o primeiro parágrafo de várias redações. Sugira que os estudantes avaliem se o tema é exposto, se existe um problema ali descrito ou não, se existem possibilidades de melhora e quais são elas, entre outras análises. Aos poucos, foque nos outros parágrafos, atentando, sempre, para aspectos técnicos que devem estar presentes em cada parte da dissertação. 

Acompanhe tendências

Ler e escrever constantemente é a chave para dominar a estrutura de uma boa redação, do léxico à construção dos parágrafos. Mas, outro problema assombra os estudantes quando falamos sobre a redação do ENEM: qual o tema do texto?

Não há muito o que se fazer quando pensamos nas inúmeras possibilidades de temas, a não ser acompanhar as principais notícias. Assim, você, enquanto professor, não pode sugerir uma redação para cada polêmica do ano, mas pode estimular debates em sala de aula sobre os principais assuntos do momento. Isso fará com que os jovens desenvolvam argumentos sobre diversos temas, preparando pelo menos uma base, um fio condutor, para uma possível redação.

Naturalmente, não é sempre que o ENEM escolhe um tema óbvio. A redação de 2012, por exemplo, focou na imigração no século XXI, comprovando expectativas – diferentemente do ano de 2017, em que educação para pessoas surdas pegou muita gente de surpresa por não ser um tema necessariamente trabalhado à exaustão na mídia.

Por isso mesmo, além de estimular debates sobre temas atuais e polêmicas mundiais, o professor pode, a partir de textos fundamentais, sugerir outros debates ou temas de redações. Recomendamos o embasamento a partir da Constituição, da Declaração Universal dos Direitos Humanos e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (Organização das Nações Unidas). Isso porque esses três textos compilam muitos dos diversos problemas sociais brasileiros, o que sempre pode ser um tema em potencial para a redação do ENEM.

Otimize o tempo

Uma vez que sua turma já esteja acostumada com a rotina de produzir redações e debater sobre temas atuais, é hora de otimizar o tempo. Isso porque participantes não terão um tempo controlado no dia do exame.

Busque, primeiramente, cronometrar o tempo que os estudantes levam para realizar as redações normalmente. Em sequência, estimule os jovens a organizarem, por escrito, a ordem em que as ideias serão inseridas no texto. Isso diminuirá significativamente o tempo de redação, e você pode provar a eficácia medindo novamente o tempo.

Busque redações nota mil

A última dica é buscar exemplos – e nada melhor para isso do que prestar atenção em exemplos de redação que levaram nota mil nos últimos anos. O próprio MEC faz uma relação. Caso queira conhecer algumas, é só clicar aqui

Vale ressaltar que a intenção ao ler essas redações nunca é colocar pressão no estudante ou obrigá-lo a seguir um exemplo. Isso só desespera e desmotiva o jovem. A leitura de redações nota mil é recomendada unicamente com a finalidade de compreender a estrutura do texto – os elementos utilizados, a disposição do tema e do argumento, o tipo de vocabulário, entre outros – e, a partir daí, servir de inspiração.

Redação é, ao final das contas, algo particular, que envolve tempo, dedicação e empenho. Seguindo essas dicas, ou adaptando o possível para a realidade da sua escola, você tem tudo para estimular sua turma a dar o melhor de si.

Fontes:

https://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2019-10/especialistas-dao-dicas-de-como-se-preparar-para-redacao-do-enem-0

http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/40141-redacao-nota-mil

https://blog.faro.edu.br/5-passos-infaliveis-para-se-preparar-para-a-redacao-de-vestibular/