A importância da pesquisa científica para professores de todos os anos da educação básica

13 de janeiro de 2020


O Ensino Superior é um divisor de águas para seus estudantes. No início do ciclo, representa o fim da adolescência e o começo dos estudos especializados em determinada área. À sua conclusão, o egresso finaliza a etapa de aprendizado e se torna um profissional no mercado de trabalho. A docência, por outro lado, pode ser um pouco diferente: quando um aluno se forma em Pedagogia (ou se licencia em alguma área específica do conhecimento), estará oficialmente apto a ministrar aulas, tornando-se professor. Isso não significa, entretanto, que o aprendizado do mesmo se encerre juntamente com o ciclo da faculdade. A importância da pesquisa científica, da busca por conhecimento e da formação continuada ao longo da carreira do docente é imensurável para o exercício da profissão. Talvez por isso que se diga que o aprendizado do professor nunca termina – e há uma boa carga de veracidade na máxima popular.

A formação continuada

Falar de formação continuada é imprescindível para compreendermos melhor o caráter de renovação de conhecimento pelo qual o bom professor sempre passa e a importância da pesquisa científica mesmo após a conclusão da faculdade. 

Entretanto, o termo formação continuada em si pode conter diversas óticas e metodologias. Apesar disso, todos os caminhos possíveis dessa formação levam para o mesmo fim: o aprendizado constante do docente.

Oficial e oficioso

Inserido na realidade escolar, o professor nunca está sozinho. Além de seus colegas de profissão, deve receber apoio principalmente da gestão, como diretores e coordenadores, que acompanham não apenas o desenvolvimento da turma, mas do próprio professor, seja na sua metodologia de ensino ou nas suas habilidades e conhecimentos pessoais – o que interfere diretamente na qualidade da aula.

Por vezes, tal apoio da esfera da gestão vem por meio de cursos e formações – isso desconsiderando as reuniões de planejamento anuais, semestrais e/ou semanais. Quando pensamos em formação continuada no sentido oficial do termo, é justamente a isso que nos referimos. Por exemplo: quando um coordenador pedagógico ministra uma formação sobre “maneiras diferenciadas e facilitadas de se ensinar fração”, o professor se coloca novamente no papel de aluno para receber tal conhecimento e, consequentemente, aplicá-lo à sala de aula.

Isso aprimora os conhecimentos do docente e contribui para a qualidade do ensino do mesmo. É importante frisar que o caráter de aprendizado constante não significa que o profissional da educação tenha um curso superior de qualidade duvidosa. Muito pelo contrário. A prática apenas assume o dinamismo inerente ao contexto da sala de aula. Por vezes, a metodologia ensinada na faculdade não é aplicável a todas as turmas na carreira de um professor – justamente porque cada turma é criada por alunos singulares, que contribuem para perfis de classes únicos que nem sempre se adaptam à fórmulas preestabelecidas. 

Entender esse “jogo de cintura” e compreender que é sempre preciso aprender mais para saber lidar com situações diversas é o primeiro passo para uma formação continuada de qualidade.

É válido lembrar, também, que o professor nem sempre depende exclusivamente de coordenadores, cursos ou formações oficiais. É muito comum encontrarmos profissionais que, por si só, buscam mais conhecimento, seja por blogs, sites, filmes, documentários e outros meios para aprimorar suas capacidades não só intelectuais, mas também metodológicas. Seria injusto não considerar tal ação como uma opção válida de formação continuada: ainda que não seja ministrada por alguém, há a busca de conhecimento pelo próprio professor. 

Por que a pesquisa científica?

Seja por meio de uma formação continuada oficial, ministrada por coordenadores ou outros profissionais, ou oficiosa, fruto da busca do próprio professor, todo o conhecimento que o docente adquire ao longo da carreira tem um certo ar de pesquisa científica. Oficializá-la dentro de tal processo de aprendizado não é, então, perda de tempo ou trabalho a mais para o professor.

Apesar de assustar, a pesquisa científica possui uma estrutura bem simples: a partir de um problema ou uma questão central, levantam-se hipóteses de possíveis soluções e se aplicam diversos testes ou estudos com embasamento teórico que comprovem a melhor solução para a questão inicial. No melhor dos contextos, não existe laboratório para encontrar problemas e as próprias soluções mais eficiente do que o dia a dia numa sala de aula. Daí a importância da pesquisa científica para o professor. 

A importância da pesquisa científica para professores – passo a passo

Tomemos, por exemplo, a dificuldade de um grupo de alunos em assimilar um conteúdo específico de matemática. Este, por si só, já é o problema da pesquisa científica do professor – por que meus alunos não estão aprendendo este conteúdo? A partir daí, o profissional busca hipóteses que justifiquem tal problema e traçam soluções: “será que estou usando a melhor metodologia?” (hipótese 1), “o tempo que estou dedicando é o suficiente?” (hipótese 2), “existem materiais didáticos mais adequados do que os que estou usando?” (hipótese  3).

A partir daí, o professor busca evidências que comprovem as hipóteses  e altera sua metodologia ou abordagem para que o problema seja solucionado. Isto  é, a priori, uma pesquisa científica no seu estado mais bruto e simples – mas não por isso menos efetiva: não só os estudantes em questão poderão desenvolver suas habilidades, como o professor lapidará a qualidade de suas aulas.

A importância da pesquisa científica para os professores ultrapassa o meio acadêmico em si. Por ser um ambiente de formação acadêmico e também pessoal, diversas questões culturais ou sociais podem surgir dentro da sala de aula – e cabe ao professor lidar com isso. Ao se deparar com um caso de bullying, por exemplo, o professor precisa não apenas realizar a mediação entre todos os atores da situação, mas também inteirar-se sobre o assunto para aprimorar tanto a sua inteligência emocional quanto a dos alunos. 

Tomemos como outro exemplo um caso de homofobia ou outro tipo de discriminação. Mais do que essencial, é função do professor identificar o problema e buscar cases, discussões e bibliografias que podem auxiliá-lo a lidar com a situação. Munido deste novo conhecimento, ele estará apto não apenas para mediar um caso específico, mas poderá trabalhar suas próximas turmas de modo a evitar que o problema retorne – lidando, assim, com a raiz da questão, e não apenas com medidas paliativas.

Todos os exemplos acima nos fazem lembrar e considerar a via de mão dupla que consolida o percurso da educação. A importância da pesquisa científica deixa explícito que não é, nunca, apenas o aluno que aprende no ambiente de sala de aula. Com as formações continuadas, o professor “volta” a ser aluno, aprende, reproduz o conhecimento e ensina outras pessoas. Já com os próprios alunos, o docente passa a adquirir inteligência acadêmica e emocional que, na forma de experiência, enchem suas bagagens com mais conhecimento. Este constante aprendizado, que requer empenho, humildade e sinceridade de ambos os lados, é peça-chave para que, cada vez mais, a relação aluno/professor se torne mais saudável e proveitosa, pavimentando o caminho para uma educação com mais qualidade.

Fontes:

http://blog.singularidades.com.br/investigacao-e-pesquisa-como-parte-do-desenvolvimento-profissional-docente/?utm_campaign=news_-_novembro_-_2019&utm_medium=email&utm_source=RD+Station

https://educador.brasilescola.uol.com.br/trabalho-docente/formacao-continuada-professores.htm

https://educacao.estadao.com.br/blogs/blog-dos-colegios-santa-amalia/a-importancia-da-formacao-continuada-de-professores/