13 de agosto de 2019
É bastante comum encontrarmos alunos que não gostam de Matemática. É, talvez, uma das disciplinas mais “polêmicas”, pois costuma causar certo tipo de distanciamento entre o conteúdo e o estudante. Não há problema algum em não possuir afinidade com essa área do conhecimento (ou com qualquer outra), mas é necessário compreendermos o motivo pelo qual a aula de Matemática está no topo como uma das mais “chatas”.
O pesquisador e professor da University of Frankfurt, David Kollosche, realizou um estudo na Alemanha para encontrar o motivo do distanciamento dos alunos com a Matemática. O resultado, divulgado na tese Auto-exclusion in mathematics education (“Autoexclusão na educação matemática”) é fruto de uma pesquisa com 199 estudantes alemães, e conclui que a “prática de ensino humilhante” da disciplina em questão cria uma relação de dominância entre quem absorve o conteúdo e quem possui dificuldades, fazendo esse segundo grupo acreditar que a Matemática não é para eles, o que acaba criando uma espécie de autoexclusão durante as aulas.
Segundo Kollosche, a autoexclusão no ensino da Matemática atinge três níveis: a exclusão física, quando o aluno literalmente deixa de frequentar as aulas de Matemática; a exclusão intelectual, quando o aluno frequenta as aulas, mas não se esforça para aprender, apenas para “passar” pela disciplina; e a incapacidade, quando o aluno passa a acreditar que nunca irá conseguir atingir nenhum sucesso nessa área de conhecimento.
Outro fator que o professor deve levar em consideração nas aulas de Matemática é o distanciamento com o cotidiano do estudante, de seu “mundo real”. O aluno nem sempre consegue aplicar conceitos, fórmulas e cálculos no seu dia a dia. Daí, nascem questionamentos como “por que preciso aprender trigonometria?” ou “onde vou usar a fórmula de Bhaskara na minha vida?”.
Ainda que tudo no mundo tenha bases matemáticas – da construção de um edifício ao smartphone que os alunos usam -, cabe ao professor criar esse tipo de consciência. Quando o cálculo pelo cálculo, que é tão abstrato como qualquer outra teoria, não é aproximado da prática do dia a dia, a tendência é que cada vez mais os alunos se distanciem e não se interessem pela Matemática.
Existem diversas formas de tornar a aula de Matemática mais leve e atraente para o aluno. E a primeira delas é unificar a sala. É comum que os alunos se separem entre “quem entende” e “quem não entende” a disciplina. Ao identificar esse comportamento natural no jovem e no adolescente, o professor deve imediatamente traçar estratégias que não corroborem com essa segregação.
Ao se certificar que toda a sala está em sintonia com a aula, é hora de traçar planos que podem tornar o aprendizado mais dinâmico, atraente e, porque não, mais fácil. Listamos, por isso, nove dicas para os alunos (e para o professor também) tirarem nota 10 em Matemática:
Quando falamos sobre “aplicar a Matemática no ‘mundo real’”, estamos indo além do clássico “João tem cinco laranjas, comprou mais sete e comeu três. Quantas sobraram?”. É preciso, sim, que o professor leve a Matemática para o dia a dia, estimulando a curiosidade do aluno através da aplicação prática da teoria, e há mais que ele pode fazer do que apenas o exemplo acima.
Questionamentos como “quantos votos o candidato X precisa para vencer a eleição no primeiro turno no mês que vem?” ou “qual a mudança no percentual de adolescentes comparado a 100 anos atrás?” devem fazer referência, literalmente, ao momento em que o jovem vive. Já o questionamento da laranja é só uma abstração um pouco mais próxima da realidade mas que, ainda assim, é genérica demais para provocar interesse.
É muito comum que os professores usem uma aula inteira explicando a teoria e os cálculos para, depois que os alunos “aprenderem” essa parte, apresentar exemplos mais práticos. Recomenda-se que se faça exatamente o oposto. O contato direto com a situação real serve de exemplo e, quando o aluno tiver dificuldades na exposição da teoria, pode ter a possibilidade de acessar a vivência para facilitar o cálculo. Se for ensinar o cálculo de volume, primeiro mostre uma torneira enchendo um recipiente e faça as contas enquanto o evento ocorre, criando outras situações dinâmicas similares.
É importante compreender como os alunos estão reagindo à sua explanação. A abordagem dos conceitos deve ser a mais clara e sistêmica possível, e receber feedbacks dos alunos é importante – tanto na questão de resolução de exercícios, na qual deve ser mantida uma rotina constante de correção, avaliação e diálogo, quanto no que diz respeito a como eles recebem sua explicação enquanto professor, se o ritmo está muito acelerado, se ainda possuem dificuldades, etc. De acordo com o feedback recebido, o professor pode sempre se adaptar de acordo com o que a turma pontuou.
É preciso balancear muito bem o tempo entre exposição de conteúdo e prática dos alunos. É nesse segundo item que se torna difícil manter a atenção dos jovens. Muitos conceitos em Matemática usam as quatro operações básicas. Logo, porque não poupar o tempo do aluno com essas contas, deixando-os com os cálculos mais elaborados? Ao se expor Bhaskara ou trigonometria, por exemplo, o uso de uma calculadora convencional auxiliará o aluno apenas nessas quatro operações, fazendo-os ter mais tempo para desenvolver, no lápis, a parte refinada e particular de cada conteúdo. E isso não significa que o aluno não está aprendendo – apenas utilizando recursos do mundo atual.
A aula de Matemática não precisa se limitar ao giz e à lousa. É possível aplicar diversas mídias e plataformas que auxiliam no processo de aprendizagem, tornando-o mais dinâmico e leve. É o caso de diversos portais e jogos online que oferecem conteúdo lúdico e diferenciado para todos os anos do ensino fundamental, como o Matific e o Khan Academy (pagos) e portais como Escola Games (gratuito).
Quando alguém é capaz de criar conteúdos e transmitir conhecimento, significa que esse alguém absorveu a temática, aprendendo de verdade. Então, porque não inverter os papéis na sala de aula? Ao final de cada conteúdo, proporcione ao aluno a possibilidade de criar problemas e dividir com os colegas. Isso o coloca num papel de protagonista, quebrando a rotina de apenas resolver exercícios.
Evitar a mesmice também ajuda. Além disso, é uma verdade universal que os alunos trocam respostas de exercícios entre si para “trapacear” e conseguir pontos ou notas sem de fato resolverem os problemas. Logo, por mais trabalho que dê, é interessante diversificar as atividades, individualizá-las por alunos ou grupos com características afins, sempre que possível.
O teatro está a serviço não só das humanidades, podendo ser extremamente útil em disciplinas como a Matemática. Por meio dele, é possível expressar, além de conceitos, também sentimentos e sensações em relação à aula – ponto que é extremamente importante para evitar a autoexclusão do aluno. Se você ainda está na dúvida sobre a eficácia do teatro nas aulas de Matemática, pode conferir a tese da professora Andrea Poligicchio, da Faculdade de Educação da USP, sobre o uso da dramaturgia no ensino de Matemática clicando aqui.
Não há sensação melhor do que a de superar um obstáculo. É preciso fazer o aluno experimentar esse sentimento nas aulas de Matemática. Sugerir a criação de um diário de leitura é, então, fundamental para que essas superações e evoluções sejam percebidas e devidamente “comemoradas”. É uma iniciativa válida tanto individualmente quanto em grupo (com o uso do Google Docs, por exemplo). O importante é manter um relato de reflexões, dificuldades e aprendizados.
Na hora de apresentar conteúdos teóricos e fórmulas, o livro didático é indispensável. Todas as dicas que listamos acima são compatíveis com seu uso, que deve ser sempre considerado. Na obra didática, o aluno terá acesso a exercícios e recursos gráficos que facilitam a absorção do conteúdo.
É o caso da Editora do Brasil, que possui tradição e liderança de mercado em na disciplina de Matemática. A obra aprovada para participar do PNLD 2020, o Apoema Matemática, atende à BNCC de forma integral e propõe diversos usos de recursos digitais para se adequar aos novos tempos, oferecendo situações contextualizadas para aproximar o ensino do mundo real. Além disso, o livro também apresenta infográficos, imagens e outros conteúdos lúdicos para tornar o aprendizado mais agradável e interessante.
Fontes:
https://jornal.usp.br/universidade/por-que-e-preciso-repensar-as-tecnicas-de-ensino-da-matematica/
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-23042012-152833/pt-br.php