6 dicas para cuidar da saúde mental do professor

10 de janeiro de 2020


A máxima de que “nem um médico existiria se não fosse o professor”, ainda que clichê, não pode ser desmentida. Talvez por isso, a docência seja uma das profissões mais nobres em âmbito social. E não apenas na realidade do Ensino Superior: da Educação Infantil ao Ensino Médio, o professor é parte ativa da construção do aluno enquanto ser humano, podendo, muitas vezes, influenciar nas decisões acadêmicas e profissionais que ele tomará ao longo da vida. Não obstante, nem tudo são flores: cresce cada vez mais a busca por cuidados à saúde mental do professor, o que denuncia uma realidade que pode ser nociva e preocupante para os profissionais da educação.

A realidade como ela é

Quando pensamos principalmente na etapa da Educação Básica, a docência pode ser estressante, o que acarreta de forma negativa, eventualmente, na saúde mental do professor. Motivos, infelizmente, não faltam. 

O primeiro deles é a desvalorização salarial, principalmente quando consideramos a realidade da rede pública. Ainda que não seja possível generalizar, é fácil encontrarmos professores insatisfeitos com a relação carga horária  versus remuneração. Independente da profissão, receber um salário compatível com a função é essencial para nutrir a sensação de satisfação profissional. Na contramão desse conceito, muitos professores costumam dobrar período, trabalhando em duas ou mais escolas para complementarem a renda. 

A falta de plano de carreira também impacta negativamente na motivação pessoal do profissional. Essa realidade traz a sensação de estagnação, o que, a longo prazo, resulta em frustração: não existe zona de conforto que dure para sempre. O desafio deve existir em toda profissão e, quando se pensa na docência, muitas vezes o desafio é apenas manter a sala atenta.

E, por falar em turma, este talvez seja o fator que mais afeta a saúde mental dos professores. Por muitas vezes, torna-se difícil manter a atenção de 40, 45 alunos ao mesmo tempo. Ademais, após uma aula estressante, sempre sobrará grandes pilhas de atividades e provas para serem corrigidas, normalmente, fora do período de aula. A docência é, por excelência, dedicação exclusiva. Isso resulta em extrema frustração, cansaço físico e exaustão mental – o que afeta significativamente a qualidade de vida do profissional da educação.

Tal diagnóstico não é mera especulação. Em uma pesquisa realizada pela Revista Nova Escola, que ouviu diversos professores, mais da metade dos entrevistados relataram insatisfação em algum ponto da carreira, atribuindo à profissão possíveis consequências na saúde mental. Segundo a pesquisa, 66% declararam que já sentiram fraqueza, incapacidade ou medo de ir trabalhar; 60% dizem sofrer com ansiedade, estresse e dores de cabeça; e 87% afirmam acreditar que seus problemas de saúde mental são ocasionados ou intensificados pela profissão. 

Dicas para cuidar da saúde mental do professor

Mas não são só de situações adversas que sobrevive o professorado. Quem opta por essa profissão, normalmente possui dom ou prazer em lecionar e observar o desenvolvimento do próximo. Também não é possível afirmar que 100% dos professores sentem dificuldades em controlar uma turma superlotada – ainda que tal realidade não seja ideal. 

Para tanto, é importante que a saúde mental do professor esteja sempre em primeiro plano, acima até mesmo das obrigatoriedades extraclasse, como correção de provas, atividades e planejamentos. 

Isso não significa que você deixará de lado suas obrigações para cuidar da saúde mental. Muito pelo contrário. É preciso encontrar um ponto de equilíbrio entre você e a profissão. Para isso, a Editora do Brasil selecionou algumas dicas para você tirar de letra a profissão sem afetar sua saúde mental. Confira:

Para a sala de aula

Diversifique atividades, criando laços

Quem é professor sabe que os conteúdos que devem ser abordados em sala de aula são, normalmente, pré-definidos no início do ano. Assim, nem sempre há muita flexibilidade na hora de ministrar a aula. Isso não significa, entretanto, que a metodologia deva sempre ser a mesma. 

Prender-se em conteúdos teóricos, passivos e estáticos, pode ser extremamente estressante. Não diversificar as abordagens faz o aluno se desinteressar, o que, consequentemente, deixará o docente em estado de ansiedade para manter a atenção da turma, causando frustração e danos à saúde mental. 

Então, procure diversificar a metodologia de ensino, aproximando os conteúdos do dia a dia e do gosto geral da sala de aula. É possível usar diversos recursos, como músicas e filmes, que deixam o ambiente mais leve e a aula mais fluída. Nós já publicamos alguns artigos sobre o tema, e você pode conferir todos eles clicando aqui.

Otimize o tempo

Escolas são uma grande família, e muitas vezes nascem amizades para a vida toda entre professores. Então, em momentos de “folga” é comum que os docentes se encontrem para tomar café e jogar conversa fora. Essa é uma atitude válida e útil na hora de desestressar, tornando o dia mais agradável. Porém, também é uma ótima oportunidade de também se otimizar o tempo, em caso de tarefas pendentes.

Em época de fechamento de notas, por exemplo, aproveitar janelas na rotina pode te ajudar a adiantar demandas de diários escolares, correção de provas,  atividades e diversas outras incumbências que subtraem tarefas que em outros contextos seriam levados para casa. Assim, você otimiza o tempo na escola e ainda fica livre para curtir o dia depois do expediente.

Evite conflitos

Ser professor é lidar com pessoas, e qualquer trabalho que o faça pode ser estressante. É natural, principalmente na adolescência, que alguns alunos não gostem de você e “testem” sua paciência. Nesses momentos, é importante não ceder, ainda que possa existir a vontade de “revidar”. Manter a calma é essencial, e domar a situação de uma maneira não prevista pelo aluno, calmamente, é um caminho mais saudável para lidar com conflitos do que medir força no grito, o que afeta consideravelmente a saúde mental do professor. Confira, clicando aqui, um artigo mais aprofundado sobre como lidar com situações adversas em sala de aula.

Para a vida

Organize a demanda extra classe

Ainda que exista, dentro da carga horária do professor, um tempo reservado para atividades pedagógicas que pode ser utilizado para correção de provas e finalização de diários, é praticamente impossível não encontrar nenhum profissional que nunca tenha levado tais tarefas para serem finalizadas em casa. Essa é a realidade da profissão, mas é preciso organizar tais demandas para que o professorado não se estenda para 100% do seu dia.

Assim, organize sua rotina de maneira simples: qual é o meu período de aula e quando eu chego em casa? A partir desses horários, desenhe o resto de sua rotina, sempre pensando em atividades que te dão prazer e te fazem relaxar, como assistir um filme, ler um livro, etc. Separe, então, um momento específico do dia para cuidar dos afazeres do trabalho, e nada além disso. 

Por exemplo: se você conseguir manter a rotina de se dedicar ao professorado  uma hora por dia após o expediente, pode aproveitar o tempo restante só para si, evitando desgastes na saúde mental. 

Programe-se e evite a depressão do domingo à noite

É preciso sempre manter o planejamento para as aulas. Evite fazer isso de última hora. A sensação de pressa e urgência é um dos fatores que mais impactam quando pensamos em danos à saúde mental do professor. Você pode usar, por exemplo, a dica anterior para organizar um período por semana para pensar nas próximas aulas para que, quando o domingo à noite chegar, não sentir a angústia de não saber como proceder.

Procure auxílio terapêutico

Por fim, é muito importante o acompanhamento terapêutico. Apesar dos estigmas, psicoterapia não é um local para “gente louca”. Muito pelo contrário.

O acompanhamento psicológico feito por um profissional visa construir um ambiente livre de julgamentos e leve, propício para retirar todo o peso, angústia ou ansiedade de dentro e criar mecanismos para encarar a semana e driblar com sucesso as adversidades do dia a dia. 

Caso não haja a possibilidade financeira de manter as consultas com psicólogos, é válido o professor procurar universidades e outras instituições que prestam o serviço gratuitamente, ou até mesmo criar uma rede de apoio com outros profissionais que buscam cuidar de sua saúde mental. 

É importante ressaltar que se o docente deve ter paciência com o tempo de aprendizagem de cada aluno, ele também precisa ter paciência consigo próprio. Às vezes, as mudanças na hora de cuidar da saúde mental do professor são lentas e graduais. É preciso persistência, paciência e apoio na hora de mudar de hábitos, exatamente como um aluno em processo de aprendizagem – que sempre colherá ótimos frutos no futuro.

Fontes:

https://novaescola.org.br/conteudo/17037/como-promover-a-saude-mental-do-docente

https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/esporte/saude-mental-do-professor/48847

https://www.toniacasarin.com.br/8-dicas-inteligentes-de-melhorar-a-saude-do-professor/

https://canaldoensino.com.br/blog/saude-mental-do-professor-11-dicas-para-manter-a-saude-emocional